Bom,
para entender melhor esta questão, vamos discutir em primeiro lugar o
que seria tradição. A tradição tem a ver com a identidade cultural,
espiritual e social de um determinado povo, ou seja, a tradição se
baseia em primeiro lugar: na memória coletiva de um povo. Não existe
tradição individual, não existe tradicionalismo individualista, é como
se a essência, o que desse vida á tradição fosse a memória coletiva de um povo.
Alguns conservadores de "direita" do Ocidente cometeram o maior pecado
filosófico da história da humanidade, eles creram (provavelmente por má
fé) que o liberalismo seria o defensor da tradição. Os
conservadores-liberais (olavetes) são os maiores defensores disso:
"liberal na economia, conservador nos valores" é o bordão de muitos
grupos que defendem essa ideia.
Na teoria até que faria
sentido; os conservadores do ocidente em oposição ao materialismo
marxista se uniriam e fariam do capitalismo e do liberalismo os bastiões
da tradição, da religião, da moral e dos bons costumes. Ronald Reagan,
Roger Scruton, Edmund Burke, Margaret Thatcher etc... são os ídolos e
simbolos do anti-comunismo e dos conservadores liberais.
Todavia, na prática foi totalmente diferente. As nações de cunho liberal
e capitalista foram as primeiras á ceder e ingressar em um processo de
subserviência á pós-modernidade (vale ressaltar que a ideologia que deu
inicio á pós-modernidade foi o liberalismo). Afirmo isso com toda a
certeza, os países de cunho liberal foram os primeiros á discutir
abertamente a questão do casamento gay, feminismo, legalização das
drogas e aborto.
Além de serem os primeiros á discutir
abertamente essas questões, foram os maiores apoiadores e financiadores
de ongs e movimentos políticos que defendiam tal causa. Daí nasce o
freudo-marxismo. Um marxismo diferente dos padrões marxistas-leninistas,
um marxismo anti-autoritário, um socialismo libertário. Este socialismo
libertário não tem os pressupostos do marxismo nem do leninismo, o
pressuposto, ou seja, o sujeito dessa ideologia que nasce do liberalismo
é o individuo, sua vontade e seu bem estar acima do bem estar coletivo.
A escola de Frankfurt foi uma área das universidades americanas de
Harvard, Columbia etc... Quando Michel Foucault e Herbert Marcuse
idealizaram a revolução sexual, eles se basearam em nada mais nada menos
do que Marquis de Sade, um liberal burguês da Revolução Francesa que
foi o autor do livro: 120 dias em Sodoma, que é literalmente um manual
de práticas sexuais dignas do título de Sodoma, a cidade bíblica que
havia sido destruída por anjos de Deus por ter caído em promiscuidade
extrema.
Após estudarem á fundo os escritos do liberal Marquis
de Sade, eles buscaram também Baruch Spinosa, um outro liberal, só que
este que precedeu Marquis de Sade, mas já falava abertamente em
revolução sexual e subversão da moral tradicional, Spinosa foi tão
rechaçado e odiado que recebeu um "charem" (uma espécie de excomunhão)
de sua própria sinagoga judaica (pra variar um judeu no meio, mas
enfim).
De dois liberais: Marquis de Sade e Spinosa; Michel
Foucault e Herbert Marcuse criam o socialismo-libertário, ou
freudo-marxismo (Freud foi famoso por fazer análises psicanalíticas
baseando-se nos traumas sexuais do paciente; também influenciou a nova
esquerda), todas ideologias oriundas das universidades burguesas dos
Estados Unidos da América; gayzismo, feminismo, legalização das drogas
etc... Todas essas coisas não partem do pressuposto do marxismo (não tem
a ver com as lutas de classes, é uma deturpação do conceito social de
lutas de classes) nem tem relação com o sujeito do marxismo (o
proletário), tem a ver todavia com o pressuposto do liberalismo
(liberdade) e com o sujeito do mesmo (o individuo acima do coletivo),
todas essas coisas foram produtos: "made in usa" pra ser mais exato.
Na prática não foi apenas o liberalismo que criou essas ideologias
pós-modernas mas foi ele que impulsionou, apoiou e patrocinou a criação
de diversas ongs e políticas a favor do aborto e do casamento
homossexual, posteriormente até a adoção por casais homossexuais foi uma
das bandeiras do liberalismo (ainda que mascarado pelo
pseudo-socialismo).
Os conservadores liberais erraram, e
erraram feio, hoje vemos países de economia liberal e filosofia liberal
como EUA, Inglaterra, Holanda, Noruega, Alemanha, França etc...
Defenderem abertamente todas as propostas do socialismo-libertário de
Michel Foucault e Herbert Marcuse, todas as propostas da esquerda
liberóide foram inseridas nessas nações que eu citei acima. A ideia de
que as nações liberais do ocidente seriam os bastiões da civilização foi
por água á baixo.
A pergunta é: por que o liberalismo não
serve pra defender a tradição? O que ele tem de tão ruim assim? Uma
palavra: individualismo. O que é pro nazi-fascismo a raça e pro
comunismo o proletário, pro liberalismo é o individuo e suas liberdades.
Como eu disse acima, a tradição tem relação com a identidade cultural,
espiritual e social de um povo, sendo assim a tradição tem como base
estrutural a memória coletiva (sendo que não existe tradição
individual), como um principio ideológico que preza o individuo
agregaria os valores trazidos por um ente que tem sua estrutura na
memória coletiva? A memória coletiva é a alma do dasein, é a alma da
tradição, sem a memória coletiva os povos não teriam tradição; o
liberalismo é assim a morte da tradição, o individuo contra a
comunidade.
Sendo assim, na prática o que vemos é a união
acidental é claro, porém, natural do socialismo com a tradição. Vemos
isso claramente no Socialismo Baath da Síria, ou no Socialismo Verde de
Kaddafi, ou no Juche Norte Coreano, ou no Nacional-Comunismo da
Bielo-Russia, no Socialismo-Bolivariano da Venezuela, na Revolução
Social-Nacionalista do Irã e assim por diante.
Países que já
tinham uma tradição, ou seja, uma memória coletiva que subjugava o
individualismo aderiram ao socialismo, removeram deste o materialismo
ateísta (que provém do liberalismo econômico que é sua antítese) e o
aplicaram segundo á realidade cultural e socio-econômica de cada país. É
o que podemos chamar de Nacional-Comunismo ou Socialismo Identitário.
Este fato já fora previsto por Otto Strasser, um dissidente socialista
no Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, ele acreditava
que o liberalismo era capitalista no plano econômico, individualista no
plano social e materialista no plano cultural-espiritual. O
conservadorismo todavia, era socialista no plano econômico, nacionalista
(sendo assim coletivista; não há nacionalismo individualista é
evidente) no plano social e popular-idealista (religião "folk", religião
popular ou filosofia de vida popular) no plano cultural-espiritual.
Socialismo, Nacionalismo e Popular-Idealismo. Eis aqui camaradas, a
tríade que levará o fim da Kali Yuga e inicio da Era de Ouro.
Socialismo-Identitário ou Nacional-Comunismo? Qual nome vamos usar pra
chamar essa síntese?
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