quarta-feira, 12 de março de 2014

Socialismo e Tradição? Como é possível? - Por Vitor Carvalho

Bom, para entender melhor esta questão, vamos discutir em primeiro lugar o que seria tradição. A tradição tem a ver com a identidade cultural, espiritual e social de um determinado povo, ou seja, a tradição se baseia em primeiro lugar: na memória coletiva de um povo. Não existe tradição individual, não existe tradicionalismo individualista, é como se a essência, o que desse vida á tradição fosse a memória coletiva de um povo.

Alguns conservadores de "direita" do Ocidente cometeram o maior pecado filosófico da história da humanidade, eles creram (provavelmente por má fé) que o liberalismo seria o defensor da tradição. Os conservadores-liberais (olavetes) são os maiores defensores disso: "liberal na economia, conservador nos valores" é o bordão de muitos grupos que defendem essa ideia.

Na teoria até que faria sentido; os conservadores do ocidente em oposição ao materialismo marxista se uniriam e fariam do capitalismo e do liberalismo os bastiões da tradição, da religião, da moral e dos bons costumes. Ronald Reagan, Roger Scruton, Edmund Burke, Margaret Thatcher etc... são os ídolos e simbolos do anti-comunismo e dos conservadores liberais.

Todavia, na prática foi totalmente diferente. As nações de cunho liberal e capitalista foram as primeiras á ceder e ingressar em um processo de subserviência á pós-modernidade (vale ressaltar que a ideologia que deu inicio á pós-modernidade foi o liberalismo). Afirmo isso com toda a certeza, os países de cunho liberal foram os primeiros á discutir abertamente a questão do casamento gay, feminismo, legalização das drogas e aborto.

Além de serem os primeiros á discutir abertamente essas questões, foram os maiores apoiadores e financiadores de ongs e movimentos políticos que defendiam tal causa. Daí nasce o freudo-marxismo. Um marxismo diferente dos padrões marxistas-leninistas, um marxismo anti-autoritário, um socialismo libertário. Este socialismo libertário não tem os pressupostos do marxismo nem do leninismo, o pressuposto, ou seja, o sujeito dessa ideologia que nasce do liberalismo é o individuo, sua vontade e seu bem estar acima do bem estar coletivo.

A escola de Frankfurt foi uma área das universidades americanas de Harvard, Columbia etc... Quando Michel Foucault e Herbert Marcuse idealizaram a revolução sexual, eles se basearam em nada mais nada menos do que Marquis de Sade, um liberal burguês da Revolução Francesa que foi o autor do livro: 120 dias em Sodoma, que é literalmente um manual de práticas sexuais dignas do título de Sodoma, a cidade bíblica que havia sido destruída por anjos de Deus por ter caído em promiscuidade extrema.

Após estudarem á fundo os escritos do liberal Marquis de Sade, eles buscaram também Baruch Spinosa, um outro liberal, só que este que precedeu Marquis de Sade, mas já falava abertamente em revolução sexual e subversão da moral tradicional, Spinosa foi tão rechaçado e odiado que recebeu um "charem" (uma espécie de excomunhão) de sua própria sinagoga judaica (pra variar um judeu no meio, mas enfim).

De dois liberais: Marquis de Sade e Spinosa; Michel Foucault e Herbert Marcuse criam o socialismo-libertário, ou freudo-marxismo (Freud foi famoso por fazer análises psicanalíticas baseando-se nos traumas sexuais do paciente; também influenciou a nova esquerda), todas ideologias oriundas das universidades burguesas dos Estados Unidos da América; gayzismo, feminismo, legalização das drogas etc... Todas essas coisas não partem do pressuposto do marxismo (não tem a ver com as lutas de classes, é uma deturpação do conceito social de lutas de classes) nem tem relação com o sujeito do marxismo (o proletário), tem a ver todavia com o pressuposto do liberalismo (liberdade) e com o sujeito do mesmo (o individuo acima do coletivo), todas essas coisas foram produtos: "made in usa" pra ser mais exato.

Na prática não foi apenas o liberalismo que criou essas ideologias pós-modernas mas foi ele que impulsionou, apoiou e patrocinou a criação de diversas ongs e políticas a favor do aborto e do casamento homossexual, posteriormente até a adoção por casais homossexuais foi uma das bandeiras do liberalismo (ainda que mascarado pelo pseudo-socialismo).

Os conservadores liberais erraram, e erraram feio, hoje vemos países de economia liberal e filosofia liberal como EUA, Inglaterra, Holanda, Noruega, Alemanha, França etc... Defenderem abertamente todas as propostas do socialismo-libertário de Michel Foucault e Herbert Marcuse, todas as propostas da esquerda liberóide foram inseridas nessas nações que eu citei acima. A ideia de que as nações liberais do ocidente seriam os bastiões da civilização foi por água á baixo.

A pergunta é: por que o liberalismo não serve pra defender a tradição? O que ele tem de tão ruim assim? Uma palavra: individualismo. O que é pro nazi-fascismo a raça e pro comunismo o proletário, pro liberalismo é o individuo e suas liberdades. Como eu disse acima, a tradição tem relação com a identidade cultural, espiritual e social de um povo, sendo assim a tradição tem como base estrutural a memória coletiva (sendo que não existe tradição individual), como um principio ideológico que preza o individuo agregaria os valores trazidos por um ente que tem sua estrutura na memória coletiva? A memória coletiva é a alma do dasein, é a alma da tradição, sem a memória coletiva os povos não teriam tradição; o liberalismo é assim a morte da tradição, o individuo contra a comunidade.

Sendo assim, na prática o que vemos é a união acidental é claro, porém, natural do socialismo com a tradição. Vemos isso claramente no Socialismo Baath da Síria, ou no Socialismo Verde de Kaddafi, ou no Juche Norte Coreano, ou no Nacional-Comunismo da Bielo-Russia, no Socialismo-Bolivariano da Venezuela, na Revolução Social-Nacionalista do Irã e assim por diante.

Países que já tinham uma tradição, ou seja, uma memória coletiva que subjugava o individualismo aderiram ao socialismo, removeram deste o materialismo ateísta (que provém do liberalismo econômico que é sua antítese) e o aplicaram segundo á realidade cultural e socio-econômica de cada país. É o que podemos chamar de Nacional-Comunismo ou Socialismo Identitário.

Este fato já fora previsto por Otto Strasser, um dissidente socialista no Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, ele acreditava que o liberalismo era capitalista no plano econômico, individualista no plano social e materialista no plano cultural-espiritual. O conservadorismo todavia, era socialista no plano econômico, nacionalista (sendo assim coletivista; não há nacionalismo individualista é evidente) no plano social e popular-idealista (religião "folk", religião popular ou filosofia de vida popular) no plano cultural-espiritual.

Socialismo, Nacionalismo e Popular-Idealismo. Eis aqui camaradas, a tríade que levará o fim da Kali Yuga e inicio da Era de Ouro. Socialismo-Identitário ou Nacional-Comunismo? Qual nome vamos usar pra chamar essa síntese?

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