quarta-feira, 12 de março de 2014

As palavras de Ordem de Defesa Nacional e Pacifismo - Nikolai Bukharine.

Que é, no fundo, a pátria? Que se compreende por essa palavra? Os homens que falam a mesma língua? A “Nação”? Nada disto. Tomemos, por exemplo, a Rússia czarista. Quando burguesia russa, em altos brados, reclamava a defesa da pátria, não se referia a uma pátria habitada por uma só nacionalidade, digamos os Grande-Russos; não, pois se tratava de uma pátria habitada por diferentes povos. Na realidade, de que se tratava? Nada mais do que do poder de Estado da burguesia e dos proprietários agrícolas. Os operários russos eram chamados a “defendê-lo” (ou antes, a dilatar suas fronteiras até Constantinopla e Cracóvia). Quando a burguesia alemã clamava pela necessidade de defesa da Pátria (Vaterland), de que se tratava? Ainda uma vez, do poder da burguesia alemã, do alargamento das fronteiras do Estado imperialista dos Hohenzollern.

Aqui, é necessário averiguar-se, sob a dominação capitalista, a classe operária possui, de fato, uma pátria. Marx, no Manifesto Comunista, respondeu: “Os operários não têm pátria.” Por quê? Muito simplesmente porque, sob o domínio capitalista, eles não têm nenhum poder, porque sob o capitalismo todo o poder está nas mãos da burguesia; porque, sob o capitalismo, o Estado nada mais é que um instrumento para a opressão e a repressão da classe operária.

O dever do proletariado é destruir o Estado da burguesia, e nunca o defender. O proletariado só terá pátria quando tiver conquistado o poder do Estado e se tornar senhor do pais. Então, e então somente, terá ele uma pátria e será obrigado a defendê-la, O que ele defenderá será, nesse caso, o seu próprio poder e a sua própria causa, e não de seus inimigos, não a política de pirataria aos seus opressores.

A burguesia compreende isso muito bem. Por exemplo, quando o proletariado russo conquistou o poder, a burguesia russa empenhou-se na luta contra a Rússia por todos os meios, aliando-se com todo o mundo: com os alemães, os japoneses, os americanos, os ingleses, e, se fosse preciso, com o diabo e a sua avó. Por quê? Porque perdera o poder na Rússia, sua pátria de pirataria, de pilhagem, de exploração burguesa. A todo o momento, ela está pronta a fazer desaparecer a Rússia proletária, isto é, o poder dos Sovietes. O mesmo se deu na Hungria. A burguesia proclamou a “defesa” da pátria húngara, enquanto o poder esteve em suas mãos: mas, quando o perdeu, aliou-se rapidamente com os romenos, os tchecoslovacos, os austríacos, para sufocar, com seu auxílio, a Hungria proletária. Isso quer dizer que a burguesia sabe muito bem do que se trata. Por meio da bela fórmula da pátria, obriga todos os cidadãos a fortificar seu próprio poder burguês e condena por alta traição os que não se submetem a isso. Em compensação, não recua diante de nada para despedaçar a pátria proletária.

É preciso que o proletariado aprenda com a burguesia a fazer saltar a pátria burguesa, e não a defendê-la ou a dilatá-la: mas, quando se trata de sua própria pátria, é necessário que ele a defenda com todas as forças, até a última gota de sangue.

Nossos adversários podem objetar a tudo isso: “Reconhecereis, no entanto, que a política colonial e o imperialismo auxiliaram o desenvolvimento industrial das grandes potências e que, da mesa dos senhores, algumas fatias caíram para a classe operária. Por conseguinte e, por isto mesmo, é preciso defender o patrão e ajudá-lo na concorrência!”.

Absolutamente, não. Suponhamos dois fabricantes: Schultz e Petrov. Eles disputam o mercado. Schultz diz aos seus operários: “Amigos, defendei-me com todas as forças. Fazei todo o mal que puderdes contra a fábrica de Petrov, a ele pessoalmente, aos seus operários, etc. Só assim, minha fábrica irá adiante, liquidarei Petrov, os negócios prosperarão. E, por tudo isso, dar-vos-ei meio rublo”. Petrov diz o mesmo aos seus operários. Suponhamos que Schultz seja o vencedor. Nos primeiros tempos, talvez, dará o meio rublo a mais; mais tarde, porém o recuperará. E se os operários de Schultz, querendo declarar-se em greve, pedirem o auxílio dos antigos operários de Petrov, estes últimos replicarão: “Será possível? Depois do que fizestes, ainda apelais para nós? Ide-vos embora!” E a greve comum será irrealizável.

Enquanto os operários estiverem divididos, o capitalista será forte. Uma vez vencido o concorrente, volta suas armas contra os operários divididos. Os operários de Schultz haviam percebido, durante algum tempo, meio rublo a mais; mais tarde, porém, o perderam. O Estado burguês é uma associação de patrões. Quando essa associação quer engordar à custa dos outros, pode, à custa do dinheiro, comprar o consentimento dos operários.

A falência da Segunda Internacional e a traição ao socialismo pelos chefes operários só se verificaram porque os chefes concordaram em “defender” os senhores e aumentar as migalhas caídas da mesa dos senhores. Mas, com o desenrolar da guerra, quando os operários, traídos, ficaram divididos, o capital, em todos os países, desabou sobre eles um peso formidável. Os operários viram que se haviam enganado que os chefes socialistas os tinham vendido por um prato de lentilhas. Começou, então, a regeneração do socialismo. Os protestos surgiram, a princípio, das fileiras dos operários mal pagos, não qualificados. A aristocracia operária (os impressores de todos os países, por exemplo) e os antigos chefes continuaram, ainda por muito tempo, a sua traição.

Além da palavra de ordem de defesa da pátria (burguesa) um bom meio de enganar as massas operárias foi o que se chama o pacifismo. Que significa isso? Consiste na opinião gratuita de que, nos próprios limites do capitalismo, sem revolução, sem insurreição do proletariado, etc., pode reinar na terra uma paz perpétua. Seria suficiente organizar a arbitragem entre as diferentes potências, suprimir a diplomacia secreta, desarmar ou, para começar, reduzir os armamentos, etc., e tudo correria bem.

O erro fundamental do pacifismo consiste em acreditar que a burguesia consentirá em reformas como o desarmamento. A despeito dos desejos do pacifismo, a burguesia continuará sempre a armar-se, e se o proletariado desarmar-se ou não se armar, será esmagado, muito simplesmente. Eis como as belas frases pacifistas iludem o proletariado. O seu fim exclusivo é desviar a classe operária da luta armada pelo comunismo.

As palavras de Ordem de Defesa Nacional e Pacifismo; Nikolai Bukharine.

Que é, no fundo, a pátria? Que se compreende por essa palavra? Os homens que falam a mesma língua? A “Nação”? Nada disto. Tomemos, por exemplo, a Rússia czarista. Quando burguesia russa, em altos brados, reclamava a defesa da pátria, não se referia a uma pátria habitada por uma só nacionalidade, digamos os Grande-Russos; não, pois se tratava de uma pátria habitada por diferentes povos. Na realidade, de que se tratava? Nada mais do que do poder de Estado da burguesia e dos proprietários agrícolas. Os operários russos eram chamados a “defendê-lo” (ou antes, a dilatar suas fronteiras até Constantinopla e Cracóvia). Quando a burguesia alemã clamava pela necessidade de defesa da Pátria (Vaterland), de que se tratava? Ainda uma vez, do poder da burguesia alemã, do alargamento das fronteiras do Estado imperialista dos Hohenzollern. Aqui, é necessário averiguar-se, sob a dominação capitalista, a classe operária possui, de fato, uma pátria. Marx, no Manifesto Comunista, respondeu: “Os operários não têm pátria.” Por quê? Muito simplesmente porque, sob o domínio capitalista, eles não têm nenhum poder, porque sob o capitalismo todo o poder está nas mãos da burguesia; porque, sob o capitalismo, o Estado nada mais é que um instrumento para a opressão e a repressão da classe operária. O dever do proletariado é destruir o Estado da burguesia, e nunca o defender. O proletariado só terá pátria quando tiver conquistado o poder do Estado e se tornar senhor do pais. Então, e então somente, terá ele uma pátria e será obrigado a defendê-la, O que ele defenderá será, nesse caso, o seu próprio poder e a sua própria causa, e não de seus inimigos, não a política de pirataria aos seus opressores. A burguesia compreende isso muito bem. Por exemplo, quando o proletariado russo conquistou o poder, a burguesia russa empenhou-se na luta contra a Rússia por todos os meios, aliando-se com todo o mundo: com os alemães, os japoneses, os americanos, os ingleses, e, se fosse preciso, com o diabo e a sua avó. Por quê? Porque perdera o poder na Rússia, sua pátria de pirataria, de pilhagem, de exploração burguesa. A todo o momento, ela está pronta a fazer desaparecer a Rússia proletária, isto é, o poder dos Sovietes. O mesmo se deu na Hungria. A burguesia proclamou a “defesa” da pátria húngara, enquanto o poder esteve em suas mãos: mas, quando o perdeu, aliou-se rapidamente com os romenos, os tchecoslovacos, os austríacos, para sufocar, com seu auxílio, a Hungria proletária. Isso quer dizer que a burguesia sabe muito bem do que se trata. Por meio da bela fórmula da pátria, obriga todos os cidadãos a fortificar seu próprio poder burguês e condena por alta traição os que não se submetem a isso. Em compensação, não recua diante de nada para despedaçar a pátria proletária. É preciso que o proletariado aprenda com a burguesia a fazer saltar a pátria burguesa, e não a defendê-la ou a dilatá-la: mas, quando se trata de sua própria pátria, é necessário que ele a defenda com todas as forças, até a última gota de sangue. Nossos adversários podem objetar a tudo isso: “Reconhecereis, no entanto, que a política colonial e o imperialismo auxiliaram o desenvolvimento industrial das grandes potências e que, da mesa dos senhores, algumas fatias caíram para a classe operária. Por conseguinte e, por isto mesmo, é preciso defender o patrão e ajudá-lo na concorrência!”. Absolutamente, não. Suponhamos dois fabricantes: Schultz e Petrov. Eles disputam o mercado. Schultz diz aos seus operários: “Amigos, defendei-me com todas as forças. Fazei todo o mal que puderdes contra a fábrica de Petrov, a ele pessoalmente, aos seus operários, etc. Só assim, minha fábrica irá adiante, liquidarei Petrov, os negócios prosperarão. E, por tudo isso, dar-vos-ei meio rublo”. Petrov diz o mesmo aos seus operários. Suponhamos que Schultz seja o vencedor. Nos primeiros tempos, talvez, dará o meio rublo a mais; mais tarde, porém o recuperará. E se os operários de Schultz, querendo declarar-se em greve, pedirem o auxílio dos antigos operários de Petrov, estes últimos replicarão: “Será possível? Depois do que fizestes, ainda apelais para nós? Ide-vos embora!” E a greve comum será irrealizável. Enquanto os operários estiverem divididos, o capitalista será forte. Uma vez vencido o concorrente, volta suas armas contra os operários divididos. Os operários de Schultz haviam percebido, durante algum tempo, meio rublo a mais; mais tarde, porém, o perderam. O Estado burguês é uma associação de patrões. Quando essa associação quer engordar à custa dos outros, pode, à custa do dinheiro, comprar o consentimento dos operários. A falência da Segunda Internacional e a traição ao socialismo pelos chefes operários só se verificaram porque os chefes concordaram em “defender” os senhores e aumentar as migalhas caídas da mesa dos senhores. Mas, com o desenrolar da guerra, quando os operários, traídos, ficaram divididos, o capital, em todos os países, desabou sobre eles um peso formidável. Os operários viram que se haviam enganado que os chefes socialistas os tinham vendido por um prato de lentilhas. Começou, então, a regeneração do socialismo. Os protestos surgiram, a princípio, das fileiras dos operários mal pagos, não qualificados. A aristocracia operária (os impressores de todos os países, por exemplo) e os antigos chefes continuaram, ainda por muito tempo, a sua traição. Além da palavra de ordem de defesa da pátria (burguesa) um bom meio de enganar as massas operárias foi o que se chama o pacifismo. Que significa isso? Consiste na opinião gratuita de que, nos próprios limites do capitalismo, sem revolução, sem insurreição do proletariado, etc., pode reinar na terra uma paz perpétua. Seria suficiente organizar a arbitragem entre as diferentes potências, suprimir a diplomacia secreta, desarmar ou, para começar, reduzir os armamentos, etc., e tudo correria bem. O erro fundamental do pacifismo consiste em acreditar que a burguesia consentirá em reformas como o desarmamento. A despeito dos desejos do pacifismo, a burguesia continuará sempre a armar-se, e se o proletariado desarmar-se ou não se armar, será esmagado, muito simplesmente. Eis como as belas frases pacifistas iludem o proletariado. O seu fim exclusivo é desviar a classe operária da luta armada pelo comunismo.

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