Esse foi precisamente o momento mais importante na história do liberalismo. Ele derrotou seus inimigos, mas ao mesmo tempo os perdeu. O liberalismo é essencialmente a liberação, a luta contra o que não é liberal (ainda ou de forma alguma). Assim, o liberalismo adquiriu de seus inimigos o seu sentido real, seu conteúdo. Quando a escolha é não-liberdade (representada na sociedade totalitária concreta) ou liberdade muitos escolhem liberdade, sem refletir pelo quê ou para fazer o quê é essa liberdade. Quando existe a sociedade não-liberal o liberalismo é positivo. Ele começa a mostrar sua essência negativa apenas após a vitória.
Após a vitória de 1991, o liberalismo avançou para sua fase implosiva. Depois de ter derrotado o comunismo bem como o fascismo ele estava sozinho. Sem inimigo para combater. E este era o momento para iniciar o combate interno, o expurgo liberal das sociedades liberais, tentando exterminar os últimos elementos não-liberais - sexismo, politicamente incorreto, desigualdade entre sexos, quaisquer resquícios de dimensão não-individual em instituições como Estado, Igreja e daí em diante. Assim, o liberalismo precisa de inimigos dos quais liberar. Do contrário, ele perde seu conteúdo, seu niilismo implícito se torna muito saliente. O triunfo absoluto do liberalismo é sua morte.
Esse é o sentido ideológico da crise financeira do início do novo milênio e de 2008. Os sucessos e não as falhas da nova economia puramente financeira (do turbocapitalismo segundo G. Lytwak) são responsáveis por seu colapso. A liberdade para fazer qualquer coisa que você quiser, mas apenas em escala individual, provoca implosão da personalidade. O humano passa ao reino infra-humano, a domínios sub-individuais. E aqui ele encontra a virtualidade. Como sonho sub-individual, a liberdade de tudo. Isso é a evaporação do humano. O Império do nada como a última palavra da vitória total do liberalismo. O pós-modernismo prepara o terreno para essa reciclagem pós-histórica auto-referencial do sem-sentido."
Trecho de artigo : http://legio-victrix.blogspot.com.br/2014/03/aleksandr-dugin-guerra-vindoura-como.html?spref=fb
Alexandr Dugin
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