Dilma
recuperou neste 2º turno os votos populares na cidade do Rio de Janeiro
que no 1º turno tinham encontrado em Marina Silva um voto de protesto
contra a retomada da inflação e uma percepção de precariedade dos
serviços públicos.
Esses votaram repudiando o candidato Aécio Neves
e seu programa ainda fresco de privatização, precarização do trabalho,
arrocho salarial e desmonte do serviço público que seu partido infligiu ao Brasil nos anos 90 e que o PSDB replica nos Estados que governa.
A cidade não se dividiu como muitos podem afirmar equivocadamente em
classes sociais, com os mais humildes com Dilma e os mais bem de vida
com Aécio.
A intelectualidade e o meio acadêmico carioca votaram
majoritariamente em Dilma, então é errado dizer que a candidata venceu
com "o voto dos menos esclarecidos ou escolarizados".
O fator classe
apenas refletiu o fator mentalidade, com os ricos e as classes médias
mais abastadas em um front liberal, seja cosmopolita ou conservador,
mais liberal em oposição a uma mentalidade mais trabalhista por parte
dos mais humildes e da classe média mais proletarizada.
As mentalidades libertárias e progressistas tiveram seu impacto mais se dividiram e não foram um fator decisivo neste quadro.
As mentalidades se veem claramente em dois discursos na cidade que as simbolizaram e identificaram os votos.
De um lado uma tônica no repúdio a corrupção, por medidas de
meritocracia, pela diminuição do Estado, contra a política e em defesa
da democracia liberal.
De outro uma tônica na manutenção do olhar
social, das políticas de emprego e renda, da valorização dos salários,
na presença do Estado via serviços públicos e contra o elitismo.
Se
por um lado a diferença de classes identificou as mentalidades, até
entre os que mais precisam de serviços públicos em oposição aos que
apenas tem o Estado como um impecilho devido a carga tributária e um
pseudo "viés autoritário", não necessariamente dizem que são inerentes a
classes sociais pois muitos das classes mais bem de vida, como a
intelectualidade votaram em Dilma com o discurso trabalhista e parte de
uma classe média proletarizada que ascendeu a pouco votou em Aécio com
um discurso liberal.
Mais majoritariamente as classes refletiram uma disputa que é de mentalidades e nem tanto de posição social.
Um fato interessante é que ambos os votos, de maneiras opostas, se
guiaram por fatores que são herança do ciclo de exclusão social e
concentração de renda vitorioso no Brasil em 64 e que teve no
neoliberalismo dos governos FHC sua expressão elitista mais clara. Os
pobres e proletários votaram em Dilma por verem agora chegar, oque antes
não tinham que são as políticas sociais, de emprego e renda junto com
uma ainda tímida presença do Estado em obras e serviços públicos
enquanto os ricos e as classes médias que este modelo empurrou as
escolas e planos de saúde privados votaram em Aécio por se sentirem
atacados por pagarem impostos e ainda terem que arcar com as despesas de
seus serviços elementais que deveriam ser fornecidos pelo Estado.
E aí está a dicotomia e por que considero o voto em Dilma coerente.
Não se vota contra um modelo no responsável por este mesmo modelo, no caso o candidato Aécio.
É por isso que os votos em Dilma foram em maioria pragmáticos e
baseados no cotidiano e os em Aécio votos mais ideologizados e baseados
em discursos subjetivos de liberdade.
#Eleições2014 #DilmaPresidenteReeleita
Nenhum comentário:
Postar um comentário