Há
um contexto na política carioca, que é reflexo da Hegemonia dos EUA e
de heranças históricas da cidade como plataforma cosmopolita de "entrada
de idéias e valores estrangeiros" e que passa na maior parte das vezes
despercebido mais que é o tom da política na atualidade no Brasil e no
mundo e lógico com seus reflexos no cenário carioca.
No avanço do Liberalismo sob as ideologias no Rio de Janeiro podemos dividir a cidade em 3 macro-regiões :
- A Diagonal da Direita Liberal que é um projeto antigo de hegemonia da
Barra da Tijuca sob o resto da cidade e não coincidentemente o traçado
do BRT Transcarioca une e difunde essa expansão, a direita liberal
cosmopolita da Barra da Tijuca, a direita liberal pequeno-burguesa do
comércio de Madureira e o conservadorismo liberal expresso na região da
Penha na figura de Silas Malafaia e da Ilha do Governador com a
"República do Galeão", os oficiais udenistas históricos da Aeronáutica;
estes três eixos tornam essa região e a mentalidade política dela
voltada ao pensamento da direita do liberalismo.
- O Circular
da Esquerda Liberal é um projeto que visa transformar os ideais
social-democratas, socialistas, trabalhistas e iluministas de influência
francesa predominantes na Zona Sul carioca e na região que se extende
do Centro ao Méier passando pela Tijuca em um ideal a esquerda do
liberalismo em que se perca o projeto central de mudanças em pautas de
grupo e idéias difusas e que concilie os ideais de esquerda a aceitação
do mundo anglo-saxão que desde sempre repudiaram até por terem base
ideológica de matiz francesa.
- A Vertical Centrista é um
projeto que visa transformar as antigas bases populares ligadas a
oligarquias locais de bases chaguistas e brizolistas em bases que
respaldam a própia transformação destas oligarquias em "liberais
pragmáticos" associados ao projeto liberal como um todo, é a unidade
entre clientelismo político e corrupção privada envolto no velho
discurso de "benfeitoria a comunidade" só que agora perde-se o
romantismo e as lutas locais e se traz benefícios que reforçam estas
oligarquias em troca de uma parte na entrega de serviços do Estado a
conglomerados privados dos quais os mesmos oligarcas se associam, é uma
saída do antigo conservadorismo oligárquico social para uma
despolitização oligárquica liberal. Sai Mussolini, entra Pinochet;sai o
Coronel, entra o Empresário; sai a monarquia, entra a burguesia...sai ou
"se transforma".
Por essas três frentes a hegemonia liberal
ataca o carioca visando sua própia "transformação de mentalidade" nos
moldes de uma verdadeira engenharia social a serviço do imperialismo
cultural.
Porém apesar de todos os avanços deste panorama
liberal ele encontra resistências que chegam ao infligir alguns revés
pautados na mentalidade carioca em ideologias que fazem parte de sua
identidade e muito anteriores a hegemonia liberal mundo a fora.
A
própia Social-Democracia é a mais recente dessas ideologias de
resistência e se destaca na Zona Sul e parte das Zonas Norte e Oeste, o
seu senso de identidade de esquerda embora chegue a se aproximar da
esquerda liberal, repudia sua mentalidade por ter bases francesas diante
de uma esquerda com bases anglo-saxãs que tenta difundir o pensamento
liberal, a social-democracia é sensível as minorias mais não cai no
discurso segmentado libertário e não abre mão do sentido de unidade
coletiva e presença e deveres de Estado fundados na Social-Democracia
clássica.
Em regiões no Centro do Rio aonde há diversas sédes de
partidos a esquerda se encontram ainda segmentos do Socialismo que
pautados na experiência do Socialismo Real e das lutas de libertação
anti-colonial repudiam o modo que a esquerda liberal trata oque vem a
ser socialismo e formam um outro front de resistência.
Em região
histórica de tradição militar ainda resiste uma ideologia de
Nacionalismo de Esquerda que repudia o anti-nacionalismo liberal e não
concorda de modo algum com a definição de "revolução" que ostenta a
esquerda liberal na pauta dita libertária, influenciada pelo tenentismo
de esquerda e após pelo trabalhismo dá grande valor a identidade
nacional e popular em oposição a identidade que os liberalismos buscam
projetar.
Por fim temos na região da Tijuca principalmente a
expressão de Vertentes Católicas que tendo origem em mentalidade latina
naturalmente conflita com os liberalismos de mentalidade anglo-saxã e em
geral vai de uma espécie de conservadorismo social até uma teologia da
libertação que por mais que tenham afinidades com os aspectos
conservador ou de esquerda do liberalismo, pela própia identidade e
teologia católica não tem como compactuar com o liberalismo econômico e
em toda a pauta do liberalismo moral.
Oculta entre debates,
eleições, panfletagens e visões idealizadas do que é o Rio de Janeiro aí
se desenrola um front da batalha entre a hegemonia liberal e ideologias
que por identidade popular e histórica resistem a esta visão de mundo.
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