segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

BRASIL : PROJEÇÃO INICIAL

O Brasil em suas melhores tradições político-diplomáticas não busca uma política externa pautada na tutela ou tornar nações menores "sua periferia". Seria até mesmo oposto as bases do meridionalismo que advoga a soberania e o desenvolvimento do Terceiro Mundo.
Com esse pressuposto o Brasil tem como projeção inicial uma "aliança de primeira ordem" com a Argentina, sem a unidade e a confluência de interesses, por mais difícil que por vezes seja, entre as duas potências sul-americanas é impossível criar uma unidade maior e um espaço comum com autonomia ante os demais centros de poder global.
O pressuposto de "economias complementares" faz o Brasil agregar o Mercosul e a Bolívia em sua projeção de modo a criar aí uma base econômica que um membro fortaleça o outro e todos se complementem a depender menos de forças externas.
O petróleo da Venezuela, o gás natural da Bolívia, as culturas temperadas agrícolas argentinas e uruguaias são complemento natural as culturas agrícolas tropicais/subtropicais brasileiras, isso além de contar o enclave fiscal aberto do Uruguai que facilita transações financeiras diversas sem comprometer as demais nações que podem vir a seu auxílio caso este saia de controle.
O parque industrial brasileiro, muito maior e mais diversificado que os demais membros do Mercosul+Bolívia ainda é um fator a ser estudado para o bem dessa complementação econômica e aí considerar oque desse parque é realmente nacional e oque é transnacional. É a indústria que gera dividendos e ajuda no desenvolvimento da nação e complementa com outras neste espaço que deve ser estimulada.
É um projeto ousado e muito promissor, e igualmente inevitável para o Brasil ter o mínimo de autonomia e com ele levar a Argentina e a América do Sul de forma benéfica, se complementando e não disputando ou uma nação marginalizando outra.
Para além das economias complementares, há o espaço político de projeção inicial brasileira - seus vizinhos sul-americanos, que é obrigado a lidar e unidos podem se ajudar a ter autonomia e levar a cabo seus própios projetos sem intervenção ou tutela externa.
Daí surge a Unasul e a urgência da retirada de tropas e bases de potências externas na região.
Como espaço político cabe ao Brasil e também a Argentina e incluso com vistas a impulsionar e preservar o espaço de economia complementar administrar, mediar e preservar os demais equilíbrios de poder regionais para que se integrem ao espaço da Unasul e não vão buscar em poderes externos suas garantias.
Desses equilíbrios pesa o entre Colômbia e Venezuela, sendo a Venezuela parte do espaço de economia complementar, oque cabe-nos tecer laços econômicos de parceria com os colombianos para não se sentirem fragilizados e atuando como mediador sério e neutro nas questões que necessitarem ser observadas. Estimular entre ambas uma complementariedade econômica no que for possível que distencione as fraturas políticas e dar força para cada qual construir seu projeto nacional com o Brasil e não com poderes externos, secundarizar as alianças externas que ambos possuem e são em muito a causa de fraturas políticas.
O outro equilíbrio é entre o Peru e o Chile, um Chile bem mais desenvolvido, mais um Peru com população e potencialidades mais promissoras, com vastos recursos minerais e energéticos equilibrados pela potência do cobre que é o Chile.
O Peru é a saída do Brasil ao Pacífico e o Chile pode ser este facilitador a Argentina e assim ambas as potências os integrando e cada qual responsável a no fim integra-los ao contexto regional maior.
É um grande desafio a qual o Mercosul e a Unasul ainda engatinham mais é o desafio no qual está o destino do Brasil e da região.
Sem essa projeção inicial, todo o restante será falho.
Agora qualquer projeção neste sentido só se fará se o Brasil demonstrar ter interesses própios e não apenas ser um braço de interesses externos e neste demonstrar o interesse pela autonomia regional.

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