quarta-feira, 29 de outubro de 2014

No 2º turno o Rio Dilmou

Dilma recuperou neste 2º turno os votos populares na cidade do Rio de Janeiro que no 1º turno tinham encontrado em Marina Silva um voto de protesto contra a retomada da inflação e uma percepção de precariedade dos serviços públicos.
Esses votaram repudiando o candidato Aécio Neves e seu programa ainda fresco de privatização, precarização do trabalho, arrocho salarial e desmonte do serviço público que seu partido infligiu ao Brasil nos anos 90 e que o PSDB replica nos Estados que governa.
A cidade não se dividiu como muitos podem afirmar equivocadamente em classes sociais, com os mais humildes com Dilma e os mais bem de vida com Aécio.
A intelectualidade e o meio acadêmico carioca votaram majoritariamente em Dilma, então é errado dizer que a candidata venceu com "o voto dos menos esclarecidos ou escolarizados".
O fator classe apenas refletiu o fator mentalidade, com os ricos e as classes médias mais abastadas em um front liberal, seja cosmopolita ou conservador, mais liberal em oposição a uma mentalidade mais trabalhista por parte dos mais humildes e da classe média mais proletarizada.
As mentalidades libertárias e progressistas tiveram seu impacto mais se dividiram e não foram um fator decisivo neste quadro.
As mentalidades se veem claramente em dois discursos na cidade que as simbolizaram e identificaram os votos.
De um lado uma tônica no repúdio a corrupção, por medidas de meritocracia, pela diminuição do Estado, contra a política e em defesa da democracia liberal.
De outro uma tônica na manutenção do olhar social, das políticas de emprego e renda, da valorização dos salários, na presença do Estado via serviços públicos e contra o elitismo.
Se por um lado a diferença de classes identificou as mentalidades, até entre os que mais precisam de serviços públicos em oposição aos que apenas tem o Estado como um impecilho devido a carga tributária e um pseudo "viés autoritário", não necessariamente dizem que são inerentes a classes sociais pois muitos das classes mais bem de vida, como a intelectualidade votaram em Dilma com o discurso trabalhista e parte de uma classe média proletarizada que ascendeu a pouco votou em Aécio com um discurso liberal.
Mais majoritariamente as classes refletiram uma disputa que é de mentalidades e nem tanto de posição social.
Um fato interessante é que ambos os votos, de maneiras opostas, se guiaram por fatores que são herança do ciclo de exclusão social e concentração de renda vitorioso no Brasil em 64 e que teve no neoliberalismo dos governos FHC sua expressão elitista mais clara. Os pobres e proletários votaram em Dilma por verem agora chegar, oque antes não tinham que são as políticas sociais, de emprego e renda junto com uma ainda tímida presença do Estado em obras e serviços públicos enquanto os ricos e as classes médias que este modelo empurrou as escolas e planos de saúde privados votaram em Aécio por se sentirem atacados por pagarem impostos e ainda terem que arcar com as despesas de seus serviços elementais que deveriam ser fornecidos pelo Estado.
E aí está a dicotomia e por que considero o voto em Dilma coerente.
Não se vota contra um modelo no responsável por este mesmo modelo, no caso o candidato Aécio.
É por isso que os votos em Dilma foram em maioria pragmáticos e baseados no cotidiano e os em Aécio votos mais ideologizados e baseados em discursos subjetivos de liberdade.

#Eleições2014 #DilmaPresidenteReeleita

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